O Dão

A Região Demarcada do Dão, instituída em 1908, merece ser visitada com atenção. Primeiro, porque as vinhas estão escondidas pelos pinheiros, pelas giestas, pelos silvados, através de muros de pedra. Sentados num automóvel, ficamos a cerca de um metro do solo. Vimos muito pouco ou nada. Há que partir à descoberta: encontrar os homens, pisar a terra e respirar a magia de uma adega. O percurso da viagem segue por serras e povoados, por caminhos de montanha ou por ruas de vilas históricas, pelas estreitas veredas dos montes ou pelas margens dos rios.

Percorremos cidades e aldeias, vilas e lugares, ermos sem nome ou castros de nobreza antiga. Andamos por terras de Penalva, de Tábua, de Santa Comba; espreitamos os recantos de Aguiar da Beira, de Fornos de Algodres, de Gouveia, de Sátão, de Seia; detemo-nos em Carregal do Sal, em Arganil, em Mangualde; vamos a Nelas, Oliveira do Hospital, Mortágua e a Tondela. Provamos o vinho em quintas ou adegas atrás de austeras fachadas entre brasões e cantarias. Depois, não há duas quintas iguais e cada uma é um universo definido. Por último existe Viseu, museu vivo, cidade de arte e cidade capital disto tudo. Isto tudo é o que cabe dentro das grandes serras envolventes que protegem, fecham e guardam os segredos.

Aliás, só em segredo se produz uma obra prima: o vinho do Dão.

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